segunda-feira, 28 de setembro de 2009

terça-feira, 22 de setembro de 2009

E as atividades continuam!


Vale lembrar que esta semana também está acontecendo a Mostra Jodorowsky, que devido ao estado de emergência decretado no município no mês passado, acabou sendo suspensa.
Mas agora, passados os piores momentos da "gripe A", os filmes da Mostra estão sendo exibidos até quarta-feira, a partir das 20h no auditório do SESC.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Enivrez-Vous*

Il faut être toujours ivre.
Tout est là:c'est l'unique question.
Pour ne pas sentir
l'horrible fardeau du Temps
qui brise vos épaule
set vous penche vers la terre,
il faut vous enivrer sans trêve.

Mais de quoi?
De vin, de poésie, ou de vertu, à votre guise.
Mais enivrez-vous.
Et si quelquefois,
sur les marches d'un palais,
sur l'herbe verte d'un fossé,
dans la solitude morne de votre chambre,
vous vous réveillez,
l'ivresse déjà diminuée ou disparue,
demandez au vent,
à la vague,
à l'étoile,
à l'oiseau,
à l'horloge,
à tout ce qui fuit,
à tout ce qui gémit,
à tout ce qui roule,
à tout ce qui chante,
à tout ce qui parle,
demandez quelle heure il est;
et le vent,
la vague,
l'étoile,
l'oiseau,
l'horloge,vous répondront:
"Il est l'heure de s'enivrer!
Pour n'être pas les esclaves martyrisés du Temps,
enivrez-vous;
enivrez-vous sans cesse!
De vin, de poésie ou de vertu, à votre guise."

Charles Baudelaire em Petits Poèmes en prose (ou Le Spleen de Paris)
*tradução no comentário

Poema para minha sexta-feira chuvosa...

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Ágata

O telefone toca embaixo da janela, por onde perpassa uma luz oblíqua e fraquinha, escondida pelas pesadas cortinas da sala. Toca e espanta os pardais que bicavam migalhas de pão no parapeito.
Da cozinha, limpando as mãos no avental, eis que surge à sala Dona Amábile, que meio sem paciência, afinal tem o almoço no fogo, atende o telefone.
- Pronto?
- Alô, bom dia, poderia falar com a Sra. Amábile, por gentileza?
- É ela, meu filho.
- Dona Amábile, é do veterinário. Preciso que a senhora venha o quanto antes à clínica. Realizamos todos os exames em seu gato e diagnosticamos um pequeno tumor na laringe, por isso o miado estranho.
- Meu filho, querido, deve haver algum engano. Deixei para o senhor uma gata, não um gato. Uma gata peluda e branquinha, lembra?
- Senhora, tenho certeza que não há engano algum. A senhora não trouxe uma fêmea e sim um macho e teremos que operá-lo. Preciso da autorização da senhora.
- Meu filho, moço... Como o senhor quer que eu autorize operar a gata se nem sabem reconhecer uma gata. E o laço de fita cor-de-rosa, o senhor não viu: cor-de-rosa, cor feminina! E ainda perguntam por que eu nunca a levei ao veterinário!...
- Senhora, sei que não deve ser fácil crer, mas a senhora não tem uma gata e sim um gato, não mais repetirei, com todo o respeito, mas essa insistência está se tornando enfadonha. Caso a senhora queira seu gato, ou sua gata, como a senhora preferir, saudável e miando, preciso que venha até o consultório autorizar a cirurgia.
- Mas ora! Com todo o respeito, meu senhor, eu vou até aí para trazer minha menina de volta! Gato, ora essa! O senhor me desculpe, mas ao que parece meu arroz está queimando. Preciso desligar. Passar bem.

Apagou o fogo, salvou o arroz, serviu o almoço, lavou a louça, entregou-se ao crochê, bebeu chá de camomila, passaram as horas. Passou o susto.
Agora a hipótese já não surpreendia. Surpreendente era que uma fêmea, solta no quintal durante quase 10 anos nunca lhe desse um filhote.
Ágata - nome escolhido para a rebenta que não lhe deu o esposo e que, ignorando a cacofonia, decidiu dar à gata - era um gato.
Olhou a pequena cama, na verdade um amontoado fofo de cobertores antigos, já descoloridos pelo tempo. Sentiu um aperto no peito.
Decidiu que o bichano, quando retornasse à casa, mereceria um novo lugar para convalescença.
Abriu a gaveta, estendeu os pequenos cobertores azuis, lembrança dos filhos pequenos, agora homens feitos.
Ao menos aproveitaria o enxoval.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

[...]

Por mais que insistam em manchar o papel, quando nele podem chegar, tudo que resta é o branco, sem mácula alguma. As palavras esvaecem. Exsurge a imprecisão dos verbetes. Espasmos à ponta da língua, rabiscos à ponta do lápis. A sensação de incompletude das idéias. Escrever deixa de ser um prazer e se tornar um parto doloroso e difícil.