sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Enivrez-Vous*

Il faut être toujours ivre.
Tout est là:c'est l'unique question.
Pour ne pas sentir
l'horrible fardeau du Temps
qui brise vos épaule
set vous penche vers la terre,
il faut vous enivrer sans trêve.

Mais de quoi?
De vin, de poésie, ou de vertu, à votre guise.
Mais enivrez-vous.
Et si quelquefois,
sur les marches d'un palais,
sur l'herbe verte d'un fossé,
dans la solitude morne de votre chambre,
vous vous réveillez,
l'ivresse déjà diminuée ou disparue,
demandez au vent,
à la vague,
à l'étoile,
à l'oiseau,
à l'horloge,
à tout ce qui fuit,
à tout ce qui gémit,
à tout ce qui roule,
à tout ce qui chante,
à tout ce qui parle,
demandez quelle heure il est;
et le vent,
la vague,
l'étoile,
l'oiseau,
l'horloge,vous répondront:
"Il est l'heure de s'enivrer!
Pour n'être pas les esclaves martyrisés du Temps,
enivrez-vous;
enivrez-vous sans cesse!
De vin, de poésie ou de vertu, à votre guise."

Charles Baudelaire em Petits Poèmes en prose (ou Le Spleen de Paris)
*tradução no comentário

Poema para minha sexta-feira chuvosa...

Um comentário:

  1. Traduzindo...

    Embriagai-vos

    É necessário estar sempre bêbado.
    Tudo se reduz a isto;
    eis o único problema.
    Para não sentirdes o fardo horrível do tempo
    que vos abate e vos faz perder para a terra,
    é preciso que vos embriagues sem trégua.

    Mas – de quê?
    De vinho, de poesia ou de virtude, como achardes melhor.
    Contanto que vos embriagueis.
    E, sem algumas vezes,
    sobre os degraus de um palácio,
    sobre a verde relva de um fosso,
    na desolada solidão de vosso quarto,
    despertardes,
    com a embriaguez já atenuada ou desaparecida,
    pergunta ao vento,
    à vaga,
    à estrela,
    ao pássaro,
    ao relógio,
    a tudo o que foge,
    a tudo o que geme,
    a tudo o que rola,
    a tudo o que canta,
    a tudo o que fala,
    pergunta-lhes que horas são;
    e o vento,
    e a vaga,
    e a estrela,
    e o pássaro,
    e o relógio,
    hão de responder:
    – É hora da embriaguez!
    Para não serdes os martirizados escravos do tempo,
    embriagai-vos;
    embriagai-vos sem cessar!
    De vinho, de poesia ou de virtude como achardes melhor.

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